Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava,
abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
(...) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração
tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente,
debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão
inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não
as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas
despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não
se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo
da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando
contra as palmas da mão (...).
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma
possível leitura do fragmento citado:
a)
No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado
como um
personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b)
O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos
e auditivos.
c)
O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço
o aspecto
animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais,
oriundas do prazer de existir.
d)
Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos
introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo
físico e o metafísico.
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